SOLIDÃO É UMA ILHA COM SAUDADE DO BARCO - (Adriana Falcão)

SOLIDÃO É UMA ILHA COM SAUDADE DO BARCO -  (Adriana Falcão)

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

COISAS DO MAR...





Corpo de nuvem que, que do mar saída,
volvida em chuva para o mar voltou,
quem te arrancou de mim? Quem te deu vida,
corpo que do meu corpo se arrancou?

Já foste não sei quando despedida.
Quem para mim de novo te arrastou?
E quem te esparge em vozes diluída,
corpo de nuvem neste mar sou?

Mas a carne que escorre de repente
da bátega dos sons é tão ardente
que de repente o próprio mar flutua,

Sobre si mesmo volve e ao céu ascende
- pois só no céu, no céu é que se prende
o vento de uma nívea nuvem nua!

(David Mourão-Ferreira.)

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

AS FONTES...



Um dia quebrarei todas as pontes
Que ligam o meu ser, vivo e total,
A agitação do mundo irreal,
E calma subirei até ás fontes.

Irei até ás fontes onde mora
A plenitude, o límpido esplendor
Que me foi prometido em cada hora,
E na face incompleta do amor.

Irei beber a luz e o amanhecer,
Irei beber a voz dessa promessa
Que ás vezes como um voo me atravessa,
E nela cumprirei todo o meu ser.

(Sophia de Mello Breyner).

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

"DECLARAÇÃO DE PRINCÍPIOS."



(EM FORMA DE DIÁLGO)

- "Tu conheces bem a História...
- Sou Trandicionalista, do ponto de vista Histórico.
- Afinal,não estás agarrado á cultura da tourada e do fado...
- Sou Vanguardista, do ponto de vista Cultural.
- Como é que consegues ser desprendida de coisas materiais?
- Sou Aristocrática, do ponto de vista Espiritual.
- É estranho...Tens referências de que eu gosto...
- Sou Cosmopolita, do ponto de vista Estético.
- Mas tu não és pelos ricos e contra pobres?
- Sou Justicialista, do ponto de vista Social.
- Eu pensava que tu eras conservadora...
- Sou Revolucionária, do ponto de vista Ontológico."

(Enviado por Lilian)

sábado, 24 de setembro de 2011

A PRIMAVERA CHEGOU...



"A Primavera chegará mesmo que ninguém mais saiba seu nome,
nem acredite no calendário,
nem possua jardim para recebê-la."

(Cecília Meireles)

terça-feira, 20 de setembro de 2011

sábado, 17 de setembro de 2011

AS POMBAS...



Vai-se a primeira pomba desesperada...
Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas
De pombas vão-se dos pombais apenas
Raia sanguínea e fresca a madrugada...

E á tarde, quando a rígida nortada
Sopra, aos pombais de novo elas, serenas,
Ruflando as asas, sacudindo as penas,
Voltam todas em bando e em revoada...

Também dos corações onde abotoam,
Os sonhos, um por um, céleres voam,
Como voam pombas dos pombais;

No azul da adolescência as asas soltam,
Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam,
E eles aos corações não voltam mais...

Raimundo Correia.

domingo, 4 de setembro de 2011

O PAÍS QUE EU INVENTEI - POEMA.





Lá longe tem um país que eu inventei
Onde todos são alegres e felizes
No país que eu inventei
Tem meninos e meninas brincando
Passarinhos no céu voando
Gatos e cachorros correndo
Tem primos e primas muito amigos
Que não ficam de castigo
Porque não fazem asneiras
E estão sempre contentes
Todos são muito queridos
Jogam ás cartas e ao dominó
Nunca ficam sem merenda
Porque não arrediam nem avô nem a avó!

De Anna D`Castro.