Foi numa casa modesta, e simples, rodeada de alegria e numa freguesia bonita e pitoresca, que comecei a sentir o primeiro contacto com a vida e com o mundo tão cheio de desilusões e dissabores. Como fui feliz!!!
Recordo com infinda saudade essa bucólica e modesta freguesia, mas que pela sua modéstia mais parece um coraçãozinho onde repercutam as vozes mais humildes dos Açores.
Freguesia poética onde os poetas se inspiram no azul do firmamento,na brancura das espumas,no doirado das giestas, no vermelhos dos cravos enfentando dos jardins, das suas casas, no verde translúcido dos campos, no roxo penitente dos seus picos anoitecidos, como sumos pintores dessa pequena freguesia sempre engrinaldada de flores poéticas.
Foi, pois, nesta freguesia tão simples e tão bela que iniciei os meus primeiros passos para a vida, e onde conheci o que há de mais sublime, o lar paterno!!!
Mais tarde na idade em que tudo são rosas e o mais pequeno é um mundo de promessas e venturas, eu saí dessa freguesia encantadora para parti para muito longe, mas nunca mais esqueci aquela hora que me fêz afastar de tudo que mais amava e da terra que me foi berço. Era ao entardecer de um dia de Outono, quando as janelas começam a picar-se de rubis de fogo e o clarão da tarde se extíngue e quando as trevas querem cobrir a terra, mas no céu, na sua concha nacarrada, escorre ainda uma última luz como um doce oirescente favo de mel. Quanto me custou a deixar o que mais queria!!!
Hoje aqui distante,vivo recordando esse tempo da minha infância e juventude...
Nestes momentos de recordação e saudade, os meus lábios abram-se para murmurar baixinho... Bendita sejas freguesia de Santa Bárbara das Nove Ribeiras, nunca serás esquecida por mim!
Maria Angra.
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