Na mão de Deus, na sua mão direita
Descansou afinal meu coração.
Do palácio encantado da Ilusão
Desci passo a passo a escada estreita.
Como as flores mortais, com que se enfeita
A ingnorância infantil, despojo vão;
Depus do Ideal e da Paixão
A forma transitória e imperfeita.
Como a criança em lôbrega jornada,
Que a mãe leva no colo agasalhada
E atravessa, sorrindo vagamente,
Selvas, mares, areias do deserto...
Dorme o teu sono, coração liberto,
Dorme na mão de Deus eternamente!
Antero do Quental.
Poeta açoriano, mais precisamente natural da ilha de S. Miguel.
(1842 - 1891)
Maria Angra.
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